O ARAUTO DE AMON RÁ

O ARAUTO DE AMON RÁ

Oh Grande Incriado, onde nossa percepção se perde. Você que é tudo e nada, caos e harmonia, positivo e negativo, inicio e fim, você que é tudo isso sem o ser, pois você está além do nosso parco conhecimento, a ti rezo e rogo por sabedoria, para que possa acessar parte do vosso extenso manancial de saber e vivência. A torrente das eras está contida em ti, mas ela não te contém. Quisera poder cantar as tuas glórias, mas não existem palavras para tal.
Oh fonte latente e não latente de tudo que nunca foi e do que foi de do que será ou não! Permita que possa contar tuas glórias e iluminar, mesmo que seja por alguns segundos a luz desse submundo tão apartado de ti, tão carente de tudo, que eu seja um guia seguro por tantos caminhos obscuros, mas que prevaleça o teu desejo primordial. Teu Plano seja seguido e não o meu, que a minha clareza venha de ti, para a tua grandeza, para a tua obra sem par, deixa-me ser apenas um obreiro. Oh Inominável!
 
No início nem o nada existia, apenas o Inconcebível era o que era. Então o desconhecido, quis se tornar conhecido, ter forma, ter consciência e se dividiu criando a dualidade a parte que quer ser e a que não quer ser, assim surgiu o movimento, criando a constante movimentação do ser e do não ser, deste atrito constante surge a luz, a energia; as coisas começam a existir criando padrões de luzes e sombras, da existência e da não existência e por fim a consciência de si mesmo. Neste instante primordial surge o Único, o que tudo contem e como é em cima é embaixo, o perfeito Eloim, o pai/mãe de toda a criação, ainda não manifestada.

Oh sagrado Eloim! Aquele que paira entre o caos e a harmonia, onde se digladiam as forças do querer e do não querer, pela tua sagrada consciência a existência será manifestada, nós te saudamos oh pai/mãe da consciência, onde tudo esta contido e o tempo não alcança, sede louvado para todo o sempre e sempre, pois tu existe antes do sempre, antes da vida latente. És consciência pura, oh sábio das eras! Permita que eu seja vosso arauto para honra e glória do Inconcebível, pois és o que és em todo o teu esplendor.

Dentro de ti oh consciência suprema todos os princípios giram sem parar e a partir da tua consciência, surge o despertar do ser não.
É neste instante que o ser se pergunta: “Quem sou eu?” e o não ser em antagonismo ao ser se pergunta: “Serei o nada?”. E seguem se questionando “sou”; “não sou”. Diante desta pressão cada vez maior a busca se intensifica, mas para onde? Então em um lampejo de independência, ser e não ser se resolvem se separar; é então que a vida se torna latente e neste momento único que surge aquilo que os cientistas chamam de Big Bang e o verbo se fez presente, a luz tomou corpo e o ser se espalhou por todos os cantos e recantos expandindo sua consciência mais e mais gerando nesse processo as dimensões, os universos, galáxias, sistemas, planetas e quanto mais se afastava do não ser mais denso se tornava.
 
Passando de energia cósmica , a luz pura e continuando nesse processo de densificação , criando os átomos, neutros, células, massa gerando vida, e mais vida e por fim dobrou-se sobre si criando o tempo que prendeu toda a criação numa rede interminável de o idas e vindas, apenas para responder uma única pergunta: “Quem sou eu?” Enquanto o não ser foi se sutilizando cada vez mais subindo para além das dimensões e do tempo se sutilizando cada vez mais na tentativa de se diluir totalmente na esperança de adormecer outras vez no Inconcebível.
 
Por mais que o não ser deseje a inconsciência total, ele não pode mergulhar na inconsciência total, sem a sua antítese, ou seja o ser, embora nada queira, nada deseje, só poderá retornar ao sagrado Eloim, juntamente com o Ser, formando outra vez o sagrado Eloim e dali a volta ao Inconcebível, mas por hora nada pode fazer a não ser esperar , nas sombras pairando, além das dimensões e do tempo, apenas esperando o seu momento.

Esta é a estrutura da vida tão bem representada pelo Tao, pois mesmo no ser ao ser e no não ser existe uma parcela do ser e dobrados sobre si mesmo ambos esperam o seu momento. Oh sagrado mistério dos mistérios quem puder entender que entenda.
Canalizado por Maria Cecília Santinho 29.06.11